POLEMICA

DROGAS
Proibir ou Liberar?
Eis a questão.

Sociedade discute sobre Drogas alguns querem a descriminalização, outros que sejam feitas leis mais severas para proibir e punir os usuários e traficantes.
Aqui nós vamos mostrar o que esta acontecendo e o que pode ser a solução para que você possa refletir e opinar independente de sua posição religiosa, política ou social.
CANABIS SATIVA 
(Maconha)
Considerada o primeiro degrau para o universo das drogas.
Tida por muitos como medicinal, terapêutica e tranquilizante, usada entre os povos nativos de diversos países ha milhares de anos.
Onde foi que se tornou tão perseguida e ilícita?

Dois amigos estavam fumando maconha e foram pegos pela polícia.

No dia do julgamento o juiz, que estava de bom-humor, disse:

- Vocês parecem ser boas pessoas, por isso lhes darei uma segunda chance!

- Ao invés de irem pra cadeia, vocês terão que mostrar para as pessoas os terríveis males das drogas e convencê-las a largá-las!

- Compareçam ao tribunal daqui uma semana, pois eu quero saber quantas pessoas vocês convenceram!

Na semana seguinte os dois voltaram e o juiz perguntou para o primeiro homem:

- Como foi sua semana, rapaz?

- Bem, meritíssimo, eu convenci 17 pessoas a pararem de consumir drogas para sempre!

- 17 pessoas? - disse o juiz, satisfeito - Que maravilha. O que você disse para elas?

- Eu usei um diagrama, meritíssimo. Desenhei 2 círculos como estes:

O o

Aí apontei pro círculo maior e disse:

- Este é o seu cérebro em tamanho normal... - e apontando pro menor - E este é o seu cérebro depois das drogas!

- Muito bem! - aplaudiu o juiz, virando-se para o outro sujeito - E você? Como foi sua semana?

- Eu convenci 234 pessoas, meritíssimo!

- 234 pessoas? - exclamou o juiz, pulando da cadeira - Incrível!Como você conseguiu isso?

- Utilizei um método parecido com o do meu colega. Desenhei 2 círculos como estes:

o O

- Mas eu apontei para o círculo menor e disse:
- Este é seu c* antes da prisão...



É assim que as coisas vão se tornando prejudiciais, 
nocivas para a maioria das pessoas.

O uso de drogas pode não ser prejudicial para uma grande parte das pessoas,
mas existem as pessoas que são dependentes químicos, isso é uma condição genética irreversível.

Quando uma pessoa que sofre de Dependência química experimenta uma substancia como álcool, tabaco, canábis  cocaína, barbitúricos, tranquilizantes, isso cria uma dependência física e psicológica que torna o habito compulsivo e difícil de deixar.

Para essas pessoas o caminho é muito perigoso e  quase sem volta pois a qualquer momento em que tiver contato com uma dessas substancias ele cairá no vício novamente.

É comum pessoas que passaram por reabilitação durante messes, ficam anos sem ter contato com as drogas, por um motivo qualquer utilizam uma pequena dose e não conseguem parar mais, voltando com muito mais força ao vício, pois a sensação para um dependente químico que se encontra com o organismo limpo é como se fosse a primeira vez, irresistível e prazeroso.

O mal que as drogas fazem não por ser ruim, muito pelo contrário, é pela sensação de prazer irresistível que causa ao usuário, seja dependente químico,  ou não.

Para as pessoas que não são dependentes químicos e usam qualquer tipo de substancia, esses podem administrar de forma até benéfica, pois muitas substancias podem abrir a percepção, aguçar o raciocínio e trazer relaxamento ao corpo e a mente.

Assim sendo temos que ter muita ética e critério ao julgar ilícita alguma substancia e criminalizar o usuário, tirando-lhe a liberdade por algo que só atinge diretamente a quem usa de forma benéfica ou não.

O problema social causado pelas conhecidas "drogas" (termo errado para as substancias naturais como Canabis, coca, etc), que deveriam ser utilizadas apenas para substancias manipuladas quimicamente, esta na verdade em quem não tem condições de controlar o hábito e se deixa levar ao vício.

Grandes mentes consideradas geniais utilizaram e utilizam substancias consideradas ilegais para fins científicos, de pesquisa, e de comunicação transcendental, tendo como uma ligação extrassensorial com as forças da natureza. 

O que acontece é que os poderes e as religiões muitas vezes deturpam e marginalizam coisas e comportamentos que com o passar do tempo se tornam nocivas a sociedade e contaminam a opinião pública que se deixa levar por notícias fabricadas e fatos advindos dos preconceitos.

Um resumo sobre a verdade da ilegalidade da Maconha.

Havia nos Estados Unidos da América uma lei contra as Bebidas Alcoólicas chamada de Lei Seca.
Milhares de policiais, agentes federais, advogados, juíses, enfim muita gente combatia e se beneficiava com Empregos, Salários, Propinas e Rendas advinda de milhares milhares de processos contra os fabricantes ilegais de bebidas, comandadas pela Máfia entre outras organizações que viam nessa atividade ilícita um filão para ganhar milhões e milhões de dólares.
Com o fim da Lei Seca toda essa indústria bilionária que se aproveitava dessa atividade ilegal foi desmontada e os milhares de policiais em todo o pais, bem como juises e advogados corruptos ou não se viram sem renda ou sem emprego e tiveram que arranjar uma outra forma de sobrevivência.

Ao mesmo tempo em que essa crise acontecia, uma onda de Clandestinos Mexicanos, Jamaicanos, Sul Americanos, Africanos e Orientais, invadiam a America em busca do sonho dourado e das novas oportunidades e em sua maioria eram usuários de Canabis e Haxixe.

Estava aí a grande oportunidade dos americanos preservarem os seus empregos e por a fábrica de marginais para funcionar novamente, combatendo os invasores viciados na droga do cão, que transformava o usuário em bandido e marginal, assim estaria preservada a Raça Ariana Americana dos Clandestinos Marginais, o que todos nós sabemos que não é verdade, os costumes naturais do uso do canhamo não leva ninguém ao vício, e quem se diz viciado é por que é um Dependente Químico por herança Genética e seria viciado em comer terra se não tivesse acesso a qualquer tipo de entorpecente.

Com a força dos Americanos sobre os demais países do mundo rapidamente a Canabis passou a ser considerada uma droga e assim proibida pelo bem da sociedade Americana.

Ao contrário da maioria de todas as drogas e entorpecentes a Marijuana (maconha), não leva ninguem a praticar delito, muito pelo contrário ela alivia as tensões e acalma o indivíduo, abrindo o apetite e gerando sono, o que não é bom para ninguém que queira praticar ações de alto impacto que precise de muita adrenalina, isso pode ser aplicado ao usuário de Cocaína, Crack, Ecstasy que despertam e aceleram os batimentos cardíacos criando uma onda de adrenalina, levando o indivíduo a ações impensadas e compulsivas para obter mais e mais as drogas que somadas ao álcool levam a grandes desastres pessoais e coletivos.

A proibição das drogas leves e médias chamadas de calmantes e alucinógenas abrem um comercio ilegal,  muito superior ao que havia na Lei Seca Americana, pois nunca, ninguém vai deixar de consumir e procurar pelo fato de ser proibido, muito pelo contrário estimula a prática e a delinquência, já que o uso é ilegal, quem seria apenas um viciado, simples usuário passa a ter que conviver com marginais sem escrúpulos, frios e calculistas.
Por outro lado, o vendedor, que poderia ser legal, passar a ser considerado bandido, bem como aquele que planta simplesmente para melhorar a renda familiar em locais áridos e sem condições para agricultura.

Paralelo a toda essa situação os bandidos, verdadeiros assassinos e sem nenhum escrúpulo misturam substancias devastadoras na droga limpa para viciar e fazer cada vez mais dependentes para gerar mais e mais riqueza.

Esse é o círculo vicioso da proibição das drogas, seja você religioso ou não, a proibição e a defesa dela mata e matará muito mais que uma liberação controlada e com campanhas iguais as que são feitas com o cigarro e o álcool.

O diferencial para verdadeiramente livrar a sociedade desse mal crescente é que deve ser analisado, ou seja:
A proposta que a CAPP traz a luz do conhecimento popular é que o próprio governo venha a fornecer em clinicas e farmácias especializadas um produto limpo e de máxima qualidade a preços bem baixos.
Isso acabaria com as organizações criminosas que se articulam para corromper a polícia e os governantes.

Sem ter como concorrer com os preços legais, ou fabricar com qualidade sem prejuízo, pelo próprio esforço do governo manter as plantações, laboratórios e a venda em harmonia e com subsídio o tráfico virá a ruir, e toda a rede marginal que trafica terá que procurar outra atividade, em outras parte do mundo.

Paralelo a isso um sistema de ajuda e de tratamento espontâneo aos usuários de Crack, Cocaína e barbitúricos com terapia e o uso de substancias naturais, viria com certeza a livrar em médio e longo prazo a maioria dos viciados e dependentes químicos, isso é sabedoria, isso é um tratamento legal.

Essa forma de tratar o mal de frente pode verdadeiramente curar a grande ferida de nossa sociedade e servirmos de exemplo para o mundo como pessoas inteligentes e que sabem o que é melhor para n[os mesmos.

Existe um grande ditado da sabedoria popular que diz:

" Se o Inimigo é Forte Junte-se a Ele"     

Sabendo quais são as armas do inimigo poderemos combater com eficácia e inteligencia, fazendo com que os danos no combate sejam os menores possíveis.

As autoridades mundiais já sentem que perderam a Guerra contra o tráfico, justamente por que não estão usando as Armas corretas.
Juízes acuados e Mortos, famílias dizimadas e Mortas, Filhos presos, dizimados e Mortos.
Sofrimento, Trauma, Complexos, Preconceitos,  Discriminação, Morte.
Saldo final: 
Uma sociedade acuada e refém de ações criminosas.

Experimentar o certo é a nossa única saída, embora que essa solução inicialmente nos pareça estranha e até mesmo errada, devemos experimentar.
Já fizemos de tudo, já matamos demais, já cortamos a nossa carne e até hoje nada.
Só mais e mais sofrimento.
Por que não tentar algo diferente, ao contrário do que é comum e aparentemente correto.
Esse é o elemento surpresa, esse é o grande trunfo para ter a simpatia de todos.
Os que forem contrários, por questões éticas e religiosas que fiquem no apoio para salvar os caídos e feridos nessa luta desigual mas que tem uma chance de dar certo.
Precisamos é de um voto de confiança, de poder experimentar na prática, exercitar a ideia em toda a sua plenitude.
Precisamos de um projeto Piloto e de um tempo hábil para que as coisas possam se tornar reais e palpáveis.
Vejam que muitas substancias ilegais já foram usadas para o bem e até para elevar o espírito, o que teologicamente e filosoficamente é aceitável. Assim vamos propor que essa ideia seja praticada, com certeza nada teremos a perder mais do que estamos perdendo.
Defender uma ideia contrária a essa é ser conivente com as práticas ilegais e trabalhar para os bandidos.     

Segue abaixo:


Matéria para Super Interessante: Marco Antonio Lopes
Pesquisa de Imagens que ilustram a matéria: Fred William


MATÉRIA SUPER INTERESSANTE

   

Drogas :5 mil anos de viagem


O homem tem uma longa história de convivência com psicotrópicos - há milênios eles são usados desde em ritos indígenas até animadas festas romanas. Conheça a trajetória das principais drogas na nossa cultura.

por Texto Marco Antônio Lopes

Há cerca de 5 mil anos, uma tribo de pigmeus do centro da África saiu para caçar. Alguns deles notaram o estranho comportamento de javalis que comiam uma certa planta. Os animais ficavam mansos ou andavam desorientados. Um pigmeu, então, resolveu provar aquele arbusto. Comeu e gostou. Recomendou para outros na tribo, que também adoraram a sensação de entorpecimento. Logo, um curandeiro avisou: havia uma divindade dentro da planta. E os nativos passaram a venerar o arbusto. Começaram a fazer rituais que se espalharam por outras tribos. E são feitos até hoje. A árvore Tabernanthe iboga, conhecida por iboga, é usada para fins lisérgicos em cerimônias com adeptos no Gabão, Angola, Guiné e Camarões.
Há milênios o homem conhece plantas como a iboga, uma droga vegetal. O historiador grego Heródoto anotou, em 450 a.C., que a Cannabis sativa, planta da maconha, era queimada em saunas para dar barato em freqüentadores. 

“O banho de vapor dava um gozo tão intenso 
que arrancava gritos de alegria.”

No fim do século 19, muitos desses produtos viraram, em laboratórios, drogas sintetizadas. Foram estudadas por cientistas e médicos, como Sigmund Freud.
Somente no século 20 é que começaram a surgir proibições globais ao uso de entorpecentes. Primeiro, nos EUA, em 1948. Depois, em 1961, em mais de 100 países (Brasil entre eles), após uma convenção da ONU. Segundo um relatório publicado pela entidade em 2005, há cerca de 340 milhões de usuários de drogas no planeta. Movimentam um mercado de 1,5 trilhão de dólares.

 “Ao longo da história, as drogas tiveram usos múltiplos que alimentaram e espelharam a alma humana”, 

diz o professor da USP Henrique Carneiro, autor de Pequena Enciclopédia da História das Drogas e Bebidas. Elas deram origem a religiões, percorreram o planeta com o comércio, provocaram guerras, mudaram a cultura, música e moda. Acompanhe agora uma viagem pela história das substâncias mais famosas.

 

Índios da bacia Amazônica tomam esse chá alucinógeno há mais de 4 mil anos – um hábito que chamou a atenção de portugueses e espanhóis assim que eles desembarcaram por aqui, no século 16. Ao chegarem à Amazônia, padres jesuítas escreveram sobre o chá da “poção diabólica” e as cerimônias que os indígenas realizavam depois de consumir o ayahuasca. Durante todo esse tempo, a bebida provavelmente teve a mesma receita: um cozido à base de pedaços do cipó Banisteriopsis caapi.


O nome quem deu foram os índios quíchuas, do Peru. Ayahuasca quer dizer “vinho dos espíritos” – segundo eles, o chá dá poderes telepáticos e sobrenaturais. Mas os quíchuas são apenas um dos 70 povos na América Latina que tomam o chá com freqüência. Na maioria dos casos, o chá é visto como uma divindade. Mas a ayahuasca também serve ao prazer: ao final dos rituais, muitos índios transam com suas parceiras.




No século 20, a fama do chá correu o mundo. Escritores viajavam para a América do Sul, enfrentavam o calor e a umidade e dormiam em aldeias para ter experiências alucinógenas. Entre os pirados estavam o poeta beatnik William Burroughs. Burroughs esteve no Brasil e na Colômbia, em 1953. Quando voltou aos EUA escreveu o livro Cartas do Yagé (yagé é outro nome do chá, tomado na periferia de Bogotá). “Uma onda de tontura me arrebatou. Brilhos azuis passavam em frente de mim”, escreveu. Depois, recomendou a bebida ao amigo Allen Ginsberg, que veio para a Amazônia em 1960. Hoje o chá é tão divulgado na internet (mais de 400 mil sites) que existem até pacotes turísticos vendidos por entidades clandestinas. A pessoa paga hotel, avião e visitas a tribos que fazem o culto. O custo: entre 1 000 e 1 300 dólares.

Cerca de 10% das mais de 50 espécies de cacto têm propriedades alucinógenas. A mais conhecida é a Lophophora williamsi, que brota em desertos no sul dos EUA e norte do México. É usada em rituais há 3 mil anos e cerca de 50 comunidades indígenas a consideram sagrada. 


Os huichois, do norte do México, chegam a fazer uma peregrinação anual de mais de 400 km para colhê-la. Quando a encontram, fazem um ritual: em silêncio, agem como se estivessem diante de um cervo, até lançarem uma flecha na planta. Quando voltam com o peiote para a tribo, organizam rituais e celebrações sob efeito da droga.




Algumas tribos da região, no entanto, descobriram os poderes do peiote somente no século 19. “Depois da Guerra Civil Americana, os índios comanches e os navajos viveram uma terrível crise com o extermínio dos seus búfalos e os massacres que sofreram”, conta o pesquisador da USP Henrique Carneiro. Para amenizar a fase difícil, “aderiram ao consumo religioso do peiote”. Numa das cerimônias, chamada “dança fantasma”, os índios dançavam alucinados e diziam se comunicar com os mortos.




O escritor inglês Aldous Huxley tomou a mescalina, substância do cacto. Descreveu as viagens no livro As Portas da Percepção: “Foi como tirar férias químicas do mundo real”. Mas nem só o underground era seduzido pela droga. O físico inglês Francis Crick – que em 1953 descobriu a estrutura do DNA – provou o peiote várias vezes e gostou. Em 1967, quando lançou o livro Of Molecules and Men (“Sobre Moléculas e Homens”, sem tradução em português), o cientista colocou na epígrafe a frase “Este é o poderoso conhecimento, sorrimos com ele”, tirada do poema Peyote Poem, do escritor e doidão Michael McClure.
Quando chegaram à América, os espanhóis perceberam que os índios da região tinham adoração pela folha da coca. Pragmáticos, passaram a distribuí-la aos escravos para estimular o trabalho. Acontece que os brancos também tomaram gosto pela coisa. E as folhas foram parar na Europa.


No Velho Continente, a planta era utilizada na fabricação de vinhos. Um deles, o Mariani, criado em 1863, era o preferido do papa Leão 13, que deu até medalha de honra ao produtor da bebida. Foi nessa mesma época que o químico alemão Albert Niemann isolou o alcalóide cloridrato de cocaína. Como tantos outros cientistas que você vai conhecer nesta reportagem, ele usou o corpo como cobaia: aplicou a droga na veia e sentiu a força do efeito.

O psicanalista Sigmund Freud investigou o uso da droga. Achava que ela serviria como remédio contra a depressão e embarcou na experiência: 

“O efeito consiste em uma duradoura euforia. 
A pessoa adquire um grande vigor”. 

Até que um dos pacientes, Ernst Fleischl, extrapolou e morreu de overdose. Freud, então, abandonou a droga.
Era normal laboratórios fazerem propaganda sobre a cocaína
Dizia-se que era

“excelente contra o pessimismo e o cansaço” 

e, para mulheres, dava

“vitalidade e formosura”. 

Somente no começo do século 20 é que políticos puritanos começaram a lutar pela proibição da droga, que praticamente sumiu do país. Só voltaria no fim da década de 1970, quando a cocaína refinada na Bolívia e Colômbia entrou nos EUA. E, mesmo proibida, não saiu mais.
Feita pela mistura da pasta de cocaína com bicarbonato de sódio, leva em segundos a um estado de euforia intenso que não dura mais do que 10 minutos. Assim, quem usa quer sempre repetir a dose. O nome crack vem desse efeito rápido, que surge como estalos para o usuário.
O consumo de crack explodiu no meio dos anos 80, como alternativa barata à cocaína. Mas a droga aparecia também em festas de universitários e até de políticos. Um desses casos ficou famoso. Em janeiro de 1990, o prefeito de Washington, Marion Barry, foi preso numa operação do FBI quando estava num quarto de hotel com uma antiga namorada, cooptada pelos policiais. Assim que ele começou a usar crack, os agentes entraram no lugar e o prenderam. Barry renunciou e ficou detido por 6 meses numa prisão federal.
Em São Paulo, o crack ainda hoje é a droga mais vendida em favelas e entre os sem-teto. No Rio, demorou muito mais para circular. “A disseminação do crack é fruto de ação do vendedor de cocaína no varejo, que produz as pedras em casa. No Rio, a estrutura do tráfico não permitia essa esperteza”, afirma Myltainho Severiano da Silva, autor de Se Liga! O Livro das Drogas. Quem vendia crack era assassinado. Mas, em crise por causa de apreensões de drogas pela polícia, os chefões do tráfico passaram a permitir a venda de crack no Rio no fim da década de 1990.
Cogumelos



Existem cerca de 30 mil tipos de cogumelos no mundo, mas só 70 provocam viagens. São os cogumelos alucinógenos, com alcalóides que, quando ingeridos, dão barato. Um segredo, aliás, há tempos conhecido pelo homem: 5 mil anos atrás o cogumelo Amanita muscaria já era colhido ao pé de carvalhos no norte da Europa e na Sibéria. Quando não o encontravam, os nativos da região bebiam até a urina de renas que comiam o cogumelo, para assim conseguir o efeito entorpecente.


No Império Romano, o cogumelo utilizado era outro, o caesarea, consumido com vinho em festas que terminavam em orgias. Outra espécie, Claviceps pupurea, que nasce de parasitas do centeio, fez sucesso por acaso em regiões da Itália durante a Idade Média. Em algumas aldeias, os pães eram feitos com farinha do centeio onde o fungo crescera. Sob o efeito do cogumelo, as pessoas dançavam sem parar em festas. Os sábios, que não sabiam que era o pão que dava barato, diziam que a euforia era causada pela picada de uma aranha. Deram a essa sensação o nome de “tarantismo” (de tarântula). Dessas festas teria surgido uma dança famosa – a tarantela.
No hemisfério sul, a variedade mais comum é o psilocybe que nasce nas fezes do gado. A mesma espécie aparece na América Central, onde arqueólogos encontraram esculturas em forma de cogumelo misturadas com figuras humanas. Datam de 500 a.C. e estão em El Salvador, Guatemala e México.


A Cannabis sativa, originária da Ásia Central, é consumida há mais de 10 mil anos. Os primeiros sinais de uso medicinal do cânhamo, outro nome da planta, datam de 2300 a.C., na China, numa lista de fármacos chamada Pen Ts’ao Ching – um estudo encomendado pelo imperador Chen Nong (a maconha servia tanto para prisão de ventre como para problemas de menstruação). 




Na Índia, por volta de 2000 a.C., a Cannabis era considerada sagrada.
A planta apareceu no Brasil com escravos africanos, que a usavam em ritos religiosos. O sociólogo Gilberto Freyre anotou isso no clássico Casa Grande & Senzala, de 1933: 

“Já fumei macumba, como é conhecida na Bahia. Produz a impressão de quem volta cansado de um baile, mas com a música nos ouvidos”. 

No Brasil, até 1905, podia-se comprar uma marca de cigarros chamada
Índios. Era maconha com tabaco. 

Na caixa, um aviso curioso:

“Servem para combater asma, insônia e catarros”.

No século 19, a erva foi receitada até para a rainha inglesa Vitória. Ela fez um tratamento à base de maconha contra cólicas menstruais, indicado pelo médico do palácio. Hoje, há uma cultura em torno da droga que se mantém com revistas especializadas, sites e ongs defendendo seu uso. A maconha tem até torneio anual, na Holanda: a Cannabis Cup, que avalia a qualidade da droga de todos os continentes. O país, aliás, não permite o comércio livre da erva. A droga pode ser vendida apenas nos coffee shops e o limite por pessoa é de 5 gramas – suficiente para 5 cigarros.




A pasta formada pelas secreções de THC, princípio ativo da maconha, é consumida há milênios na Ásia – na China, foram encontrados registros de seu uso medicinal em 2500 a.C. Mas foi o comércio de especiarias que fez do haxixeuma droga “global”. Acredita-se que por volta de 2 d.C. a substância seguiu para o norte da África e Oriente Médio pelas mãos de comerciantes que iam ao Oriente em busca de especiarias. Eles recebiam haxixe como cortesia nas operação de compra e venda.




O nome, no entanto, vem do árabe – hashish significa “erva seca”. Ficou conhecido assim quando Hassan bin Sabbab, líder de uma seita xiita da Pérsia no século 11, reuniu seguidores numa fortaleza para matar soldados das Cruzadas. Antes de entrar em ação, usavam a droga. Os homens de Hassan, conhecido como Velho da Montanha, eram chamados de aschinchin – alguém sob influência do haxixe. Daí derivou a palavra assassin, ou assassino.
A droga se espalhou pela Europa no século 18. O poeta francês Charles Baudelaire e seus amigos escritores Alexandre Dumas e Victor Hugo se reuniam para fumá-la. Baudelaire gostava tanto de haxixe que fazia parte de uma ordem, a Club des Haschichiens. Nos encontros, além de usar haxixe, os participantes tinham um estranho ritual: exaltar Hassan bin Sabbab. Todos vestiam roupas árabes e um dos integrantes era eleito o Velho da Montanha.


Em 1912, um químico que investigava moderadores de apetite para a empresa alemã Merck desenvolveu uma droga de nome impronunciável: metilenedioxianfentamenia, ou MMDA. Experimentou, sentiu uma leve euforia, mas arquivou a descoberta. Na década de 1960, o cientista americano Alexander Shulguin procurava um remédio que estimulasse a libido. Encontrou os papéis da pesquisa da Merk e incluiu o MMDA na lista de mais de 100 substâncias que ele testou em tratamentos psiquiátricos. A que fez mais sucesso foi justamente a MMDA, que ganhou a fama de “droga do amor”. Os pacientes diziam que ela os ajudava a ser mais carinhosos – hoje, sabe-se que a droga estimula a produção de serotonina no cérebro, responsável pela sensação de prazer.




Não surpreende, portanto, o nome que fez a substância famosa: “ecstasy”, de êxtase mesmo. Em 20 anos, as pastilhas da droga estavam circulando nas ruas. Eram combinadas com o som da música eletrônica em festas chamadas raves, que atravessavam o dia e só terminavam à tarde. Em 1988, o êcstasy foi a febre no verão inglês, que acabou batizado de Summer of Love, ou “verão do amor” , mesmo nome que os hippies deram ao ano de 1967, quando eles se entupiram de LSD. A comparação não era exagerada: as duas drogas estiveram por trás de boa parte da produção cultural jovem de suas épocas.
A substância foi descoberta em 1874, a partir de um aprimoramento na fórmula da morfina. Os trabalhos de pesquisa nessa área já haviam levado, por exemplo, à invenção da seringa, criada em 1853 por um cientista francês que procurava maneiras de melhorar a aplicação da morfina. Batizado de heroína, o novo remédio começou a ser vendido em 1898 para curar a tosse. A bula dizia: “A dose mínima faz desaparecer qualquer tipo de tosse, inclusive tuberculose”. O nome fazia referência às aparentes capacidades “heróicas” da droga, que impressionou os farmacêuticos do laboratório da Bayer.


Logo descobriram também que, injetada, a heroína é uma droga de efeito veloz, poderoso e que provoca dependência rapidamente. Viciados em crise de abstinência têm alucinações, cólicas, vômitos e desmaios. Assim, aheroína teve sua comercialização proibida em 1906, nos EUA. Em 1913, o fabricante alemão parou de produzi-la, mas ela manteve intensa circulação ilegal na Europa e, principalmente, na Ásia. A droga voltou a aparecer nos EUA somente no começo dos anos 70, quando soldados servindo na Guerra do Vietnã começaram a consumi-la com asiáticos. Estima-se que cerca de 10% dos veteranos voltaram para casa viciados. .
O químico alemão Albert Hofmann trabalhava no laboratório Sandoz, em 1938, investigando um medicamento para ativar a circulação. Testava a ergotamina, princípio ativo do fungo do centeio, que ele sintetizou e chamou dietilamida. Tomou uma dose pequena e sentiu um efeito sutil. Somente em 19 de abril de 1943 Hofmann resolveu testar uma dose maior. 




O químico, então com 37 anos, voltou para casa de bicicleta. Teve a primeira viagem de ácido de que se tem notícia: “Vi figuras fantásticas de plasticidade e coloração”, contou. Apresentou o LSD (iniciais em alemão de ácido lisérgico) a amigos médicos. Hofmann hoje tem 100 anos e é um dos integrantes do comitê que escolhe o Prêmio Nobel.

O americano Timothy Leary se encarregou de ser um dos embaixadores do LSD pelo mundo. Doutor em psicologia clínica de Harvard, ministrava a droga para seus pacientes e a recomendava a alunos do campus – até ser expulso pela universidade, em 1963. Na época a cidade de São Francisco começava a se tornar capital da cultura hippie. Uma das principais atrações eram shows de rock para uma platéia encharcada de ácido fabricado em laboratórios clandestinos. Os freqüentadores pregavam o amor livre, a vida em comunidade e veneravam religiões orientais. O lema deles você conhece: “paz e amor”.


Em 1967, o movimento era capaz de reunir até 100 mil pessoas num parque. As farras lisérgicas muitas vezes acabavam em sexo coletivo. Não é à toa que o ano tenha entrado para história como Summer of Love, o “verão do amor”.
Ópio


O suco leitoso tirado da papoula branca é consumido há cerca de 5 mil anos no sudoeste da Ásia, em ilhas do Mediterrâneo e no Oriente Médio. Fez parte até da mitologia grega – era usado para venerar a deusa Demeter. A lenda dizia que, após ter sua filha Proserpina raptada, Demeter passou a procurá-la. Encontrou e comeu sementes de papoula, diminuindo a dor da perda. A imagem da deusa, então, ficou ligada à papoula – e rituais em sua homenagem incluíram o uso da droga. O nome ópio vem do grego opin, ou suco. A chegada da civilização romana não diminuiu a sua popularidade, inclusive para fins medicinais. “O ópio era a aspirina de seu tempo. No ano 312, havia na cidade de Roma 793 estabelecimentos que o distribuíam”, afirma Antonio Escohotado, em O Livro das Drogas.




Na época das navegações, a Inglaterra chegou a monopolizar a venda mundial de ópio. Entre os principais importadores estava a China, apesar de o produto ser proibido lá desde 1729. A luta contra o contrabando levou a um conflito militar entre os dois países, que durou de 1839 a 1842 e ficou conhecido como Guerra do Ópio. Os ingleses venceram e obrigaram a China a permitir o comércio da droga. Ficaram também com o território de Hong Kong, que só foi devolvido em 1997.